Brasil: familiares de desaparecidos compartilham suas histórias

  • João Paulo Wright, 53 anos, trouxe uma das lembranças que guarda do pai desaparecido: o elefante que ganhou quando era muito pequeno, talvez aos 4 ou 5 anos, presente do pai ao retornar de uma viagem internacional. “Ele nunca deixa de estar presente”, diz João Paulo, que sente que está num momento de renovação, ao compartilhar sua história pessoal, embora muitos não entendam o porquê depois de tantos anos. “Neste encontro sinto uma identificação, uma sintonia com as outras pessoas”, conta.
    Amaury Nehn / CICV
  • Elza Miranda, 78 anos, com os filhos André e Olga. Ela criou sozinha quatro filhos, depois que o marido desapareceu nos anos 70. Elza quase não fala sobre o assunto, que muito a emociona. “São lembranças tristes”, diz. “Anos esperando que ele voltasse”. Para Elza, o encontro foi muito construtivo e ela se sentiu acolhida por todos. Pôde conhecer familiares e compartilhar memórias alegres da família quando as crianças eram pequenas.
    Amaury Nehn / CICV
  • O abraço foi um momento de muita emoção e união. Para o Responsável do Programa de Saúde Mental do CICV, Marcello Queiroz, simboliza a solidariedade e o apoio mútuo que há entre os familiares, apesar de toda dor.
    Amaury Nehn / CICV
  • Familiares em grupos conversam sobre os seus entes queridos desaparecidos, contam suas histórias, apresentam os objetos queridos que trouxeram de suas casas e cidades natais.
    Amaury Nehn / CICV
  • Beatriz Bomfim mostra o retrato do pai aos outros familiares e conta a história da família.
    Amaury Nehn / CICV
  • Samantha Pereira Marinho, 29 anos, escreve uma mensagem ao avô desaparecido antes de ela nascer. Ela acredita que há uma “herança transgeracional” e que a ausência traz consequências para muitas gerações. São muitas as perguntas: O que meu avô pensaria da neta, hoje psicóloga? Como teriam sido a minha mãe e a minha avô sem essa falta? “Em tudo que aprendi, senti a carga dessa ausência”, diz ela, que participou do encontro com mais dois irmãos, a mãe, tia, e um primo. “Te amo vovô, olha para mim! Sigo daqui e você segue daí”, escreveu.
    Amaury Nehn / CICV
  • Familiares olham o mural coletivo feito com cartões de desenhos e mensagens.
    Amaury Nehn / CICV
  • Familiares trouxeram livros, filmes, trocaram presentes e abraços.
    Amaury Nehn / CICV
  • Familiares de desaparecidos que participaram do encontro em São Paulo nos dias 22 e 23 de abril.
    Amaury Nehn / CICV
25 abril 2016

Encontro realizado em São Paulo entre os dias 22 e 23 de abril entre familiares de pessoas desaparecidas durante o regime militar no Brasil (1964-1985) foi uma oportunidade de eles compartilharem histórias, conversarem sobre desafios do presente e ações futuras, além de estreitarem laços afetivos e renovarem as esperanças depois de quarenta anos de buscas. Participantes de três gerações do grupo do "Caso Vala de Perus" trabalharam sobre o impacto do desaparecimento, como preservar a memória e formas de apoio mútuo.