Brasil: Programa Acesso Mais Seguro chega a São Paulo
Primeiro treinamento na metodologia para mitigar e prevenir o impacto da violência armada nos profissionais de serviços públicos essenciais do CICV é realizado na capital paulista.
"Sou de uma época em que o profissional da saúde era respeitado", foi com esta fala que o supervisor técnico de Saúde do Campo Limpo, Rogério Mattos Hochheim, abriu o treinamento inicial do programa Acesso Mais Seguro (AMS) para Serviços Públicos Essenciais ocorrido em agosto na Escola Municipal de Saúde Regional Sul, no bairro do Socorro em São Paulo.
Trata-se de uma metodologia adaptada pelo Comitê Internacional da Cruz Vermelha (CICV) a partir de 2009 para contextos no Brasil, que ajuda instituições de serviços essenciais, como Saúde, Educação e Assistência Social a reduzir e mitigar riscos relacionados à violência armada aos quais os profissionais e a população atendida estão expostos em seu dia-a-dia.
Cerca de 20 profissionais de serviços públicos participaram do treinamento. Foto: Tiago Queiroz/CICV
O programa, em uma parceria com a Coordenadoria Regional Sul de Saúde, chega a cidade de São Paulo após impactos positivos em outras cidades do Brasil, como Rio de Janeiro, Porto Alegre e Fortaleza, tendo reduzido em até 40% os fechamentos em unidades de serviços essenciais devido a violência armada em regiões onde foi implantado.
O treinamento para treinadores foi realizado com a presença de cerca de 20 representantes de instituições de serviços essenciais diversas que atuam na Coordenadoria Regional de Saúde Sul, entre elas o Instituto Israelita Albert Einstein, a Associação Comunitária Monte Azul, Associação Saúde da Família, Supervisão de Saúde de Parelheiros,representantes da própria Coordenadoria, entre outras.
Flexibilidade
"Perderia-se muito se a metodologia não fosse flexível e realizada somente por uma pessoa. A implementação tem que ser feita por diversas representações e categorias", explica Livia Schunk, responsável técnica do Programa AMS. O treinamento será replicado pelos participantes a outros profissionais em seus locais de atuação, bem como implementado de acordo com as características do contexto em que estão inseridos, tudo com acompanhamento do CICV.
Os participantes estavam animados com o tema abordado pelo treinamento. "Vim aqui em busca de ferramentas novas para apoiar os profissionais de meu local de trabalho no enfrentamento a violência", diz Jorcelina Célia de Oliveira, interlocutora de violência da supervisão de Parelheiros.
Equipe do Programa AMS. Foto: Tiago Queiroz/CICV
A questão da importância da metodologia do AMS ser adaptada aos contextos territoriais e sociais foi também ressaltada no treinamento, assim como a expectativa dos participantes em adequar a metodologia ao ambiente de trabalho. "Pretendo com a capacitação adquirir mais expertise e, desta forma, produzir respostas mais eficazes e ágeis no combate a violência, seja ela física ou emocional", afirma Joana Moscoso, psiquiatra e integrante da área técnica do Instituto Albert Einstein.
"Os conflitos não são constantes em São Paulo, mas há situações em que o profissional é coagido ou ameaçado por fazer denúncias que são pertinentes ao seu trabalho, como violência doméstica e sexual", afirma Lúcia Ferraz Correia, integrante da Coordenadoria Regional de Saúde Sul.
A partir de agora, por meio da replicação da metodologia de Acesso Mais Seguro e Comportamentos Mais Seguros nas unidades, a cada dia serão aprimorados fluxos e protocolos a fim de reduzir a exposição de profissionais e da população às consequências da violência armada, finaliza Livia Schunk, quem deu o treinamento junto com os assessores do AMS Ricardo Laino e Luana Fagundes.