Conferência da Cruz Vermelha e do Crescente Vermelho: mais de 160 países se reúnem para abordar as principais questões humanitárias mundiais

12 dezembro 2019
Conferência da Cruz Vermelha e do Crescente Vermelho: mais de 160 países se reúnem para abordar as principais questões humanitárias mundiais
Women in leadership

Genebra (CICV/FICV) – Representantes de 168 países e de 187 Sociedades da Cruz Vermelha e do Crescente Vermelho estiveram na Conferência Internacional em Genebra, encerrada hoje. O evento, realizado a cada quatro anos desde 1867, reúne representantes dos Estados Partes das Convenções de Genebra e das Sociedades da Cruz Vermelha e do Crescente Vermelho do mundo inteiro.

A Conferência Internacional é uma oportunidade única para que os dirigentes discutam as questões humanitárias mais urgentes do mundo e adotem resoluções que orientem as futuras ações humanitárias. Decisões anteriores contribuíram para fortalecer o Direito Internacional Humanitário (DIH) e os marcos jurídicos para situações de desastres, garantindo ambientes seguros para o voluntariado. Este ano, os temas fundamentais da agenda incluíram confiança, saúde mental, mudança climática, preparação para pandemias, proteção de dados e migração.

"A Conferência Internacional é um lugar único para que a Cruz Vermelha e o Crescente Vermelho discutam os maiores desafios humanitários com os governos", afirmou Peter Maurer, presidente do Comitê Internacional da Cruz Vermelha (CICV). "O fato de que tivemos 168 Estados participando ativamente mostra que os governos possuem um interesse estratégico em responder às crises humanitárias e se envolver com o Movimento."
Em uma época em que o setor humanitário está sob escrutínio crescente, discussões aprofundadas sobre confiança, integridade e prestação de contas marcaram os três dias da Conferência. "Ter a confiança das pessoas que servimos é essencial para podermos restabelecer os laços familiares, garantir o acesso que salva vidas e trabalhar com as comunidades estando perto delas", disse Francesco Rocca, presidente da Federação Internacional das Sociedades da Cruz Vermelha e do Crescente Vermelho (FICV).

Disponibilizamos aqui um resumo de todas as Resoluções aprovadas hoje, cujos destaques incluem:

  • Deixar claro o DIH: Um roteiro para a melhor implementação do Direito Internacional Humanitário (DIH). O Movimento e os Estados reafirmaram o seu compromisso com o DIH e com a sua plena aplicação e implementação, em especial em âmbito nacional.
  • Restabelecimento de Laços Familiares (RLF) respeitando a privacidade: Proteger os dados pessoais é proteger as pessoas. A crescente insegurança associada à era digital e a ameaça generalizada de acesso não autorizado aos dados pessoais exigem que o Movimento dedique ainda mais esforço e cuidado à proteção das atividades de RLF.
  • Abordar as necessidades de saúde mental e psicossociais de pessoas afetadas por conflitos armados, desastres naturais e outras emergências: os Estados e o Movimento da Cruz Vermelha e do Crescente Vermelho acordaram incluir o apoio à saúde mental e psicossocial entre as prioridades das emergências humanitárias.
  • Leis e políticas eficientes sobre desastres naturais que não deixam ninguém para trás: as pessoas que vivem em contextos frágeis ou vulneráveis sentem mais o impacto da mudança climática. O Movimento trabalha para fortalecer a capacidade das comunidades afetadas, a fim de absorver o impacto conjunto de conflitos, violência e choques climáticos.
  • Hora de agir: enfrentar juntos as epidemias e pandemias. Diante da ameaça que as epidemias e pandemias representam para a saúde, a economia e a estabilidade mundiais, sobretudo nas regiões mais vulneráveis do globo, o Movimento da Cruz Vermelha e do Crescente Vermelho coopera com as autoridades públicas para prevenir doenças, promover a saúde e mitigar o sofrimento humano.
  • As mulheres e a liderança da ação humanitária do Movimento Internacional da Cruz Vermelha e do Crescente Vermelho. Uma resolução reafirma a importância de que as mulheres sejam representadas no processo decisório.

"Estou satisfeito de que os Estados, em conjunto com o Movimento, tenham se comprometido a abordar os novos desafios mundiais que surgem nas linhas de frente", afirmou Maurer.

"Eles reafirmaram a importância das normas da guerra, em uma época em que a inovação técnica levanta questões sobre até que ponto os humanos têm controle sobre as armas. E acordaram proteger os dados pessoais daqueles que buscam seus entes queridos. Também vimos uma onda de apoio encorajadora para promover as respostas de saúde mental."

"Estamos contentes por termos chegado a um acordo sobre diferentes resoluções", disse Rocca. "Agora estamos prontos para garantir o acompanhamento de todas as decisões e continuaremos defendendo fortemente a ação de atores locais e o apoio a nossas Sociedades Nacionais, que são atores locais por excelência: Sociedades Nacionais fortes e atores locais fortes significam comunidades locais fortes."