Desaparecidos na Guatemala: sepultamento digno, um último adeus
- Quiquil, GuatemalaOs veículos que transportaram os corpos chegaram em caravana durante a noite e foram recebidos pelas pessoas que iluminavam o caminho com luz de velas. Quiquil não possui energia elétrica.CC BY-NC-ND / CICV / Daniele Volpe
- Quiquil, GuatemalaA chegada dos corpos é sempre um momento muito difícil para as famílias. A dor da perda de um ente querido se torna intensa, aguda, insuportável.CC BY-NC-ND / CICV / Daniele Volpe
- Quiquil, GuatemalaCom o passar das horas a dor se mistura com o alívio de poder ter, depois de tantos anos, um lugar onde chorar a morte de seus entes queridos.CC BY-NC-ND / ICRC / Daniele Volpe
- Quiquil, GuatemalaÀ primeira hora da manhã, os restos foram carregados nos ombros por familiares e habitantes da aldeia, todos unidos em um cortejo silencioso.CC BY-NC-ND / ICRC / Margarita Ménera
- Quiquil, GuatemalaO enclave para o enterro, situado a dois quilômetros da aldeia, foi escolhido pelos próprios membros da comunidade. É o mesmo lugar onde cinco anos antes foi encontrada uma das fossas com os corpos das pessoas mortas pelas mãos de soldados em 1982.CC BY-NC-ND / CICV / Daniele Volpe
- Quiquil, GuatemalaDiante da falta de um orçamento adequado do Programa Nacional de Ressarcimento da Guatemala, o CICV construiu os nichos para os restos destas vítimas com o objetivo de contribuir com seu enterro digno.CC BY-NC-ND / CICV / Daniele Volpe
- Quiquil, Guatemala“Estamos aqui como parte dos afetados, aqueles que morreram são nossa família", declarou Nicolás Domingo, que sobreviveu ao ataque ocorrido em 1982 em Quiquil.CC BY-NC-ND / CICV / Daniele Volpe
- Quiquil, Guatemala"Quando meus irmãos chegarem vou poder chorar por eles. Da minha família sou a única que restou para fazer isso", comentou Angelina Pedro Nicolás Esteban, pouco antes da chegada dos restos mortais.CC BY-NC-ND / CICV / Daniele Volpe
- Quiquil, GuatemalaEmbora as feridas causadas pelo conflito armado sejam profundas, a cerimônia permitiu aos familiares despedirem-se de seus parentes e tentar encerrar o luto de sua morte.CC BY-NC-ND / CICV / Alberto Cabezas
- Quiquil, GuatemalaNa Guatemala ainda há 4,2 mil pessoas desaparecidas, cujas famílias continuam sem respostas. Este sofrimento perdura no tempo, deixando marcas na sociedade por muitas gerações.CC BY-NC-ND / CICV / Daniele Volpe
A dor da ausência de um ente querido desaparecido e os efeitos do conflito armado continuam vivos na Guatemala, deixando marcas nos sobreviventes e familiares das vítimas durante anos. Muitos tiveram que se mudar para outras áreas do país ou inclusive para além de suas fronteiras. Depois de muitas décadas, algumas das pessoas afetadas empreenderam uma longa viagem de regresso para honrar a memória de seus entes queridos em uma cerimônia celebrada em Quiquil, no dia 21 de janeiro de 2016.
Situado ao norte do departamento de Huehuetenango, o vilarejo de Quiquil é uma região profundamente afetada pelo conflito armado que a Guatemala viveu por mais de três décadas (1960-1996). Em torno de 80 pessoas foram vítimas de um ataque contra a população no dia 28 de junho de 1982. Alguns sobreviventes fugiram da aldeia sem nunca mais saber de seus familiares.
Em 2009, após localizar cinco fossas com restos humanos, a Fundação de Antropologia Forense (FAFG) exumou os restos mortais de 50 pessoas assassinadas naquele dia.
Depois de 33 anos de uma dolorosa espera, em 20 de janeiro de 2016, familiares das vítimas e habitantes de Quiquil puderam finalmente receber os restos mortais de 50 entes queridos e oferecer a eles um enterro digno.