Comunicado de imprensa

Familiares de pessoas desaparecidas se unem em movimento nacional

Participantes da Segunda Conferência Nacional de Familiares de Pessoas Desaparecidas estão reunidas na parte externa de um edifício.

Nos dias 29 e 30 de junho de 2024, mais de 70 familiares de pessoas desaparecidas se reuniram em São Paulo para sua Segunda Conferência Nacional. Representantes de grupos e associações de seis estados compartilharam suas histórias, que refletem diferentes circunstâncias de desaparecimento, além de desafios e conquistas comuns na busca por respostas e reconhecimento. 

A Segunda Conferência Nacional de Familiares de Pessoas Desaparecidas foi organizada por uma comissão formada pelos próprios familiares e contou com o apoio do Comitê Internacional da Cruz Vermelha (CICV). O evento consolidou a aliança de grupos e associações em um movimento nacional de familiares em busca de pessoas desaparecidas para  facilitar a troca de experiências e a definição de atividades futuras. 

“A Conferência fortalece a união dos coletivos. Apesar de cada um ter uma história diferente, a dor do desaparecimento é igual. Temos necessidades e objetivos em comum. Um movimento nacional é uma possibilidade de uma ação coletiva”, pontuou Vera Lucia Ranú, mãe de Fabiana, que está desaparecida desde 1992.

Durante o encontro, uma sessão de diálogo com representantes dos Ministérios da Justiça e Segurança Pública (MJSP) e dos Direitos Humanos e Cidadania (MDHC) permitiu que os participantes fossem informados sobre o estágio atual do desenvolvimento da Política Nacional de Busca de Pessoas Desaparecidas, fizessem perguntas e expressassem suas expectativas.

“Essa Conferência é uma ocasião em que podemos dar visibilidade e voz aos familiares de pessoas desaparecidas e destacar suas necessidades, além de poder dialogar com as autoridades”, comentou Hânya Pereira Rêgo, filha de Hiram Pereira, que está desaparecido desde 1975.

A Segunda Conferência Nacional é resultado de um dos encaminhamentos dos participantes brasileiros da 3ª Conferência Internacional de Familiares de Pessoas Desaparecidas,  promovida pelo CICV em 2023.

 

"Trabalhando em diferentes países, o CICV tem tido a chance de testemunhar o esforço das famílias de pessoas desaparecidas para serem ouvidas, apoiarem-se mutuamente e construírem caminhos coletivos. Juntas, elas conseguem quebrar o isolamento e superar desafios comuns. Um dos maiores resultados de um evento como este é a união das famílias. Isso as fortalece, desenvolve capacidades pessoais e possibilita abrir caminhos para seu reconhecimento e para a busca conjunta por soluções", avalia a coordenadora adjunta de Proteção do CICV, Larissa Leite. 

“A Conferência abraça todas as causas e nos dá uma nova esperança. Aqui me sinto acolhida, me sinto mais forte e percebo que eu não estou sozinha. É uma oportunidade para famílias que dividem o mesmo sofrimento poderem estar juntas e unir forças”, sintetizou Acione Sousa, mãe de Cleberton Felipe, desaparecido desde junho de 2019. 

 

 

Direito de saber

 

O CICV enfatiza a importância da participação dos familiares em todo o processo de busca por soluções e melhorias no sistema de enfrentamento da problemática do desaparecimento. Ao apoiar eventos como a conferência nacional, o CICV contribui para reforçar que as famílias têm direito de ter informações e esperança.

 

A realidade e o sofrimento enfrentados pelos familiares de pessoas desaparecidas fazem surgir consequências graves para sua saúde física e mental. Há também necessidades jurídicas, administrativas, econômicas e de assistência. Diante disso, o CICV recomenda a criação de uma rede nacional e coordenada de assistência interdisciplinar a partir dos serviços públicos e ONGs já existentes para atender a esses familiares.

 

O CICV também estimula a criação de um mecanismo nacional de busca e investigação de casos de desaparecimento, a fim de coordenar as diversas iniciativas existentes, bem como centralizar e compartilhar informações. 

 

As estatísticas indicam que o fenômeno do desaparecimento é preocupante no Brasil. De acordo com o Ministério da Justiça e Segurança Pública, de 2015 a maio de 2024, foram registrados mais de 716 mil desaparecimentos e 413 mil localizações de pessoas. Apenas entre 2019 e 2021, 183.379 pessoas desapareceram no País.

 

Contatos para imprensa

Mário Cajé – mcaje@icrc.org (61) 98248-7600

Sandra Lefcovich – slefcovich@icrc.org (61) 98175-1599