Angola: Mais de 30 anos de actividades a favor das vítimas do conflito armado no Huambo
16-12-2008 Comunicado de imprensa 02/236
Luanda (CICV) – Depois de ter desenvolvido actividades de assistência na região, durante mais de 30 anos, a subdelegação do Comité Internacional da Cruz Vermelha (CICV) estabelecida no Huambo, a cerca de 600 km a sudeste da capital Luanda, vai encerrar este mês as suas portas.
No Huambo o CICV ocupou-se ainda principalmente de restabelecer os contactos entre famílias dispersas pelo conflito e trabalhou com a Cruz Vermelha Angolana para ajudar a desenvolver as suas capacidades e as suas actividades de sensibilização aos perigos das minas.
“As consequências directas do conflito interno que terminou em 2002, diminuíram consideravelmente, e por esta razão já não é necessária uma presença permanente do CICV no Huambo” foi esta a afirmação de Maryse Limoner, Chefe da Delegação do CICV em Angola. Na ausência do CICV, as necessidades da população serão cobertas por outros agentes, nomeadamente pelas autoridades angolanas a quem o CICV entregou na semana passada material ortopédico importado para os três centros de readaptação física que ele mantinha. “Fizemos tudo para que a transição se realizasse o melhor possível” explicou Maryse Limoner.
A primeira intervenção do CICV no Huambo teve lugar em 1975, quando as suas equipas vieram trazer socorros e material médico a esta região, que então era vítima de um conflito armado. Mas foi finalmente só em 1979 que o CICV pode estabelecer uma presença permanente no Huambo. No fim dos anos 80, Angola constituía a maior operação do CICV em África e foram então aí desenvolvidas actividades muito diversas, nomeadamente assistência médica, readaptação física, aprovisionamento de água e saneamento, protecção da população civil, visitas dos lugares de detenção e promoção do Direito Internacional Humanitário junto dos portadores de armas.
Joaquim Chinguto Saundi, que trabalhou para o CICV no Huambo durante 13 anos, lembra-se ainda dest es tempos quando diz: “Por ocasião das grandes distribuições que organizávamos durante a guerra, nós explicávamos às pessoas que reuníamos que elas podiam vir até nós para enviar mensagens da Cruz Vermelha aos membros das suas famílias com os quais elas tinham perdido o contacto. Nos minutos que se seguiam, nós recolhíamos milhares de mensagens!” Em Angola, cerca de 230.000 mensagens da Cruz Vermelha foram distribuídas e mais de 209.000 recebidas desde 2002, permitindo assim a milhares de pessoas que reencontrassem os seus familiares.
Maryse Limoner acrescenta: “Desta vez, é uma boa notícia saber que, sobre o plano humanitário, as consequências directas da guerra chegam ao seu fim e que a vida retoma o seu curso nesta região de África”. Presentemente o CICV tem somente 58 colaboradores em Angola, principalmente em Luanda e a sua superfície operacional diminui, deixando lugar a outros agentes tais como a Cruz Vermelha Angolana.
Informações complementares:
Maryse Limoner, CICV Luanda, Tel.: + 244 222 264 454
Anna Schaaf, CICV Genebra, Tel.: + 41 22 730 2271 ou + 41 79 217 32 17