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Especialistas discutem as ameaças da violência armada à assistência à saúde

23-04-2012 Comunicado de imprensa 12/84

Londres – Especialistas em saúde do mundo inteiro discutirão as interrupções letais da assistência à saúde, provocadas pela violência armada, no primeiro encontro sobre esta questão humanitária de grande importância, mas pouco reconhecida.

O encontro de hoje, 23 de abril, "Health Care in Danger" (Assistência à Saúde em Perigo), faz parte de um projeto de quatro anos, elaborado para enfrentar a  insegurança e ameaças nos conflitos armados e outras emergências que solapam a prestação segura e eficaz da assistência à saúde. É a primeira de uma série de consultas com especialistas que serão realizadas ao redor do mundo para encontrar soluções a um problema que deixa pacientes sem tratamento, que fecha clínicas e que permite que os feridos e enfermos venham a morrer.

Uma pesquisa feita pelo Comitê Internacional da Cruz Vermelha (CICV) demonstra que as pessoas morrem em grandes números não porque são vítimas diretas de uma bomba na beira da estrada ou de um tiroteio, mas porque a ambulância não chega a tempo, as equipes de saúde são impedidas de fazer seu trabalho, os próprios hospitais são alvos de ataques ou simplesmente porque a situação é demasiado perigosa para a prestação eficaz da assistência à saúde.

Ambulâncias foram empregadas em ataques suicidas no Afeganistão, hospitais que estavam claramente sinalizados atingidos por mísseis na Líbia, salas de emergência invadidas por homens armados no Iraque, médicos assassinatos na Somália e pacientes executados dentro de veículos de saúde na Colômbia.

“Quando ocorrem confrontos armados, as necessidades médicas disparam do mesmo que a capacidade de atendê-las despencam,” declara a diretora de Atividades Profissionais da Associação Britânica de Medicina e uma das palestrantes no encontro, Vivienne Nathanso. “Enquanto que o problema não pode ser lidado apenas pela comunidade de saúde, devemos examinar as medidas que nós, profissionais da área de saúde, podemos adotar diante de uma situação que se tornou insustentável.”

Mais de 100 profissionais de saúde e especialistas humanitários elaborarão, no simpósio em Londres, as recomendações da própria comunidade de saúde sobre as ações que podem ser tomadas pelos governos e organizações intergovernamentais para assegurar a provisão da assistência à saúde em um ambiente seguro. Além disso, explorarão como os profissionais da assistência à saúde que trabalham no meio da violência lidam com os dilemas advindos quando se testemunha possíveis violações do direito internacional.

“A ética médica está exatamente no centro do debate dos profissionais da saúde que se encontrem em situações de violência armada,”, afirma Robin Coupland, assessor médico do CICV e autor de um estudo sobre o assunto. “Em ambientes violentos, às vezes, é negado tratamento aos feridos ou doentes. A discriminação que surge de um conflito polarizado resulta na perda de vidas.”

Este simpósio, organizado pelo CICV, Cruz Vermelha Britânica, Associação Britânica de Medicina e a Associação Mundial de Medicina, produzirá um relatório público que sintetizará suas principais conclusões e recomendações.

Enquanto que o simpósio focaliza o papel dos profissionais de saúde, outros eventos, neste ano e do próximo, reunirão militares e outros portadores de armas, representantes da sociedade civil, várias sociedades da Cruz Vermelha e Crescente Vermelho e outros formuladores de políticas para abordar a questão da insegurança na prestação da assistência à saúde.

Mais informações:
Sarah Cotton, CICV Londres, tel.: +44 207 877 7579 ou +44 786 041 2806
Sean Maguire, CICV Londres, tel.: +44 207 877 7330 ou +44 788 740 2632
Bijan Frederic Farnoudi (Inglês, Francês, Alemão), CICV Genebra, tel.: +41 22 730 2180 ou +41 79 536 9259

Foto

Iêmen, 2011. Ambulâncias corre grande risco durante conflitos armados para alcançar e transportar pessoas feridas. Elas podem ser alvo de balas perdidas. 

Iêmen, 2011. Ambulâncias correm grande risco durante conflitos armados para alcançar e transportar pessoas feridas. Elas podem ser alvo de balas perdidas.
© COSMOS / Catalina Martin-Chico
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Mizdah, Líbia. Os estilhaços que atingiram o Hospital de Mizdah feriram vários pacientes que estavam em seus leitos. 

Mizdah, Líbia. Os estilhaços que atingiram o Hospital de Mizdah feriram vários pacientes que estavam em seus leitos.
© Christopher Morris/VII

Homens armados param esta ambulância para matar um comandante da polícia que estava sendo levado ao hospital. 

Homens armados param esta ambulância para matar um comandante da polícia que estava sendo levado ao hospital.
© Reuters/STR New

Iraque. Um médico analisa os escombros deixados no Hospital Adnan Khairallah em Bagdá após ataque de míssil. 

Iraque. Um médico analisa os escombros deixados no Hospital Adnan Khairallah em Bagdá após ataque de míssil.
© Foto AFP / Karim Sahib

Somália. Após ser atacado, Mohammed Yusuf, diretor do Hospital Medina em Mogadishu, é custodiado 24 horas por dia. 

Somália. Após ser atacado, Mohammed Yusuf, diretor do Hospital Medina em Mogadishu, é custodiado 24 horas por dia.
© CICV / André Liohn
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