Líbia: Migrantes ainda sofrem com as precárias condições de segurança
12-11-2013 Relatório de operações
O recente conflito continua afetando milhares de pessoas na Líbia – os deslocados e migrantes são as principais vítimas. A falta de estabilidade e segurança agravou esta situação nos últimos três meses. O Comitê Internacional da Cruz Vermelha (CICV) e o Crescente Vermelho Líbio ajudam os famíliares separados a se reencontrarem e trabalham para melhorar as instalações que recebem os migrantes.
Condições difíceis
“Milhares de migrantes continuam vivendo em condições extremamente difíceis. A volatilidade da situação e a ausência de um marco jurídico claro para sua presença no país complicam sua situação”, explica a chefe do CICV na Líbia, Katharina Ritz. “Algumas destas pessoas estão vivendo em condições aceitáveis nos centros onde são retidos os migrantes, mas a maioria delas sofre com a falta de abrigo e serviços de saúde adequados”.
Grande parte desses centros no sul da Líbia foi temporariamente inativada. Isso, aliado às demoras nos processos de repatriação, fez com que a unidade de Al-Hamra, localizada no oeste da Líbia, ficasse superlotada. Além disso, tornou-se um polo para migrantes que chegam do Mali, do Níger, da Eritreia ou da Somália, entre outros países.
Cuidados médicos e ligações telefônicas – tratando a saúde física e mental das pessoas
No inícío de outubro, o CICV e o Crescente Vermelho Líbio visitaram o centro, principalmente para que as pessoas abrigadas no local pudessem se comunicar com suas famílias fora da Líbia. “Também acompanhamos de perto alguns problemas de saúde urgentes, como por exemplo, os casos de sarna”, explicou Vaughan Phillips, um delegado do CICV que participou da visita.
Entre os dias 27 e 30 de outubro, 1,3 mil pessoas no centro de migrantes tiveram a oportunidade de falar com seus parentes por telefone. Um médico, um enfermeiro e os socorristas do Crescente Vermelho Líbio trataram de um grande número de migrantes que precisava de atendimento médico urgente.
Equipes conjuntas das duas organizações também visitaram outras unidades pela primeira vez desde o ano passado, inclusive as de Tuwayshah e Goweya, em Trípoli, e a de Hawari, em Benghazi, onde migrantes puderam contatar suas famílias.
Manutenção da higiene
O CICV planeja dar início a uma campanha de higiene em Al-Hamra durante as próximas duas semanas. Outras organizações internacionais unem seus esforços e foram chamadas para oferecer assistência à saúde. Algumas já começaram a distribuir galões, kits de higiene, colchões, roupas e cobertores. “Queremos garantir que Al-Hamra esteja livre de doenças. Os migrantes terão melhor água em maior quantidade, o que lhes possibilitará melhorar sua higiene”, afirmou Katharina Ritz.
Reforma do campo de deslocados internos de Benghazi
Inaugurado no início do conflito da Líbia em 2011, o campo para deslocados internos (DI) em Benghazi acolheu pessoas de várias regiões da Líbia. “O campo recebeu pessoas deslocadas que fugiam dos combates”, conta Muhammad al-Misrati, responsável de relações públicas do Crescente Vermelho Líbio em Benghazi, “Entre elas um grande número de estrangeiros saindo da Líbia”.
O campo costumava abrigar 900 pessoas, a maioria delas migrantes. Estes foram levados para outro campo, e o de Benghazi agora aloja apenas deslocados internos líbios. Ao redor de 700 pessoas ainda estão morando lá, de acordo com a Sociedade Nacional.
O CICV e o Crescente Vermelho Líbio lançaram um programa de manutenção para melhorar as condições de vida, incluindo o conserto de canos para água e esgoto. “Os vazamentos de água costumavam ser um problema”, explicou a engenheira responsável por projetos hídricos do CICV na Líbia, Joana Cameira. “Também tivemos falta de eletricidade em lugares como a cozinha e os quartos, mas tudo isso já é história agora”. Cameira acrescentou que o projeto incluía a construção de uma área para lavanderia e a instalação de um novo acesso principal para o complexo.
Kits de higiene e alimentos
Em setembro de 2013, o CICV doou ao redor de 63 toneladas de arroz e 5 mil kits de higiene para o Crescente Vermelho Líbio em Trípoli, que os distribuiu a 15 postos espalhados pelo país. Em meados de outubro, a Sociedade Nacional havia distribuído toda esta ajuda aos deslocados internos, refugiados e migrantes nos respectivos centros.
A Libya Aid, uma importante agência local de ajuda, tinha planejado organizar distribuições de alimentos em Benghazi e pediu ao CICV que fornecesse alguns tipos de comida que ela não dispunha. O CICV doou 35 toneladas de alimentos que a Libya Aid distribuiu em sete campos de deslocados internos em Benghazi e a pessoas deslocadas que se encontram abrigadas em casas na cidade desde 2011.
Mais informações:
Saleh Dabbakeh, CICV Trípoli, tel: +218 919 307 706
Wolde Saugeron, CICV Genebra, tel: +41 22 730 31 49 ou +41 79 244 64 70