Brasil: metodologia Acesso Mais Seguro chega a Fortaleza com entusiasmo de pastas municipais envolvidas
Brasil: Cerca de quarenta gestores das secretarias municipais da Saúde, Educação, Assistência e Juventude foram treinados para aplicar a metodologia de Acesso Mais Seguro (AMS) nos equipamentos de que são responsáveis. Por ela, é possível reduzir as consequências da exposição da população à violência armada. Fortaleza é a primeira cidade do Nordeste a receber o treinamento.
"Por meio de uma pesquisa realizada em 2017, compreendemos que em Fortaleza há índices relevantes de violência, mas também uma boa estrutura de secretarias e movimentos sociais para mobilização eficiente de um grande número de pessoas", explica Ana Cristina Monteiro, responsável pelo programa Violência Urbana no Brasil, à frente do curso, realizado , em sua fase inicial, de 14 a 25 de maio no Cuca Mondubim.
Mirella Ferreira Bernardo compreendeu a necessidade de preparar sua equipe para situações de risco ao passar por uma emergência, quando homens armados entraram em um equipamento público. Por isso, entusiasma-se ao falar dos conhecimentos que adquiriu nas duas últimas semanas. Um acordo entre Prefeitura de Fortaleza e o CICV a trouxe à capital cearense, pela primeira vez, o treinamento Acesso Mais Seguro para Serviços Públicos Essenciais (AMS). "Uma conquista, um grande apoio, um alívio", resume Mirella.
No Brasil, a metodologia já foi implementada nas cidades de Duque de Caxias e Rio de Janeiro, no Rio, Florianópolis (SC) e Porto Alegre (RS). O acordo de cooperação com a prefeitura de Fortaleza foi assinado em abril deste ano.
Precaução e enfretamento amparado
O curso de 40 horas identifica e analisa, junto com os profissionais das secretarias participantes, os riscos em contextos de vulnerabilidade com que lidam os profissionais no dia a dia. Além disso, os gestores se apropriam dos oito elementos de acesso mais seguro previstos na metodologia AMS e planejam a implantação desse protocolo internacional em suas rotinas, desde selecionar os equipamentos, como escolas e postos de saúde, em áreas mais expostas a riscos iminentes, até sensibilizar equipes e mobilizar apoios para a sua execução.
O gerente da Atenção Primária à Saúde de Fortaleza, Rui de Gouveia Soares Neto, reconhece a necessidade do treinamento diante da carência de posturas de precaução e enfrentamento das equipes que lidam, todos os dias, com situações limite que impactam o emocional do profissional e, consequentemente, a qualidade dos serviços oferecidos à população. Dos 110 postos de saúde e das 14 unidades Centro de Atenção Psicossocial (Caps) da capital, ele assegura que 50% precisam "urgentemente" da implantação da metodologia. "São unidades que nos acionam alerta constante na rede", completa.
Para a psicóloga Silvana Fernandes Rodrigues Gondim, técnica de mediação de conflitos da Secretaria Municipal da Educação, um dos pontos altos da metodologia AMS é a preocupação com o humano e a compreensão de cada indivíduo em seu contexto de fragilidade emocional e vulnerabilidade, cobrindo todos os que trabalham e são assistidos nas unidades de serviços públicos.
Liliane Benício, gerente de uma das três sedes do equipamento Cuca, voltado à formação e ao desenvolvimento da juventude em diversas áreas, enaltece a parceria e a chegada do CICV a Fortaleza. "O CICV traz a experiência e as orientações corretas de que precisamos para trabalharmos mais seguros, mais confiantes. Traz esperança", acredita Liliane.
A meta é cobrir os equipamentos públicos considerados vulneráveis no prazo máximo de dois anos. "As secretarias aqui trabalham de uma maneira muito integrada desde o início. Eles estão sentindo a potência que são juntos", diz Ana, otimista com os resultados da parceria entre o Comitê e a Prefeitura.